terça-feira, 30 de julho de 2013

Excertos...


Excertos de mim…


Passo a passo, caminho na noite com o intuito de te reencontrar. Ao longe, avisto a luz que ilumina a minha chegada, seguindo meus passos ao teu encontro. Cá fora., num vaso esquecido… mora a saudade! Regada pelas lágrimas derramadas dos meus olhos. Há uma flor olvidada no socalco da eira que se agita na chegada. Uma roseira brava cresceu até ao beiral do telhado humedecido pela chuva e aquecido pelo Sol brilhante da vida. No alpendre, um livro de folhas soltas ao vento, desfolha-se como trigais de searas ceifadas pelas tempestades. Na janela da vida, remanesce a tua imagem que vejo ao longe num desaparecer que arrepia a minha alma. No baú do teu quarto encontro a nossa primeira fotografia, que deixaste enegrecida pela revolta da minha demora. Ao olhar-me ao espelho deparo com a imagem áspera do meu ser, esquecido no tempo. Lá fora é noite…

Fernando Silva





quarta-feira, 24 de julho de 2013

Na rua onde morei…


Tenho a saudade desmedida
Das horas no terreiro ao luar
Tenho nostalgias dessa vida
E dessa criança a brincar…

O tempo passou, nunca mais volta!
Guardo na lembrança, aventura,
De uma criança livre e solta
E desses abraços de ternura

Jamais em minha vida volto a ter
O pião que girava como bola
Os que me ensinaram a crescer
Os livros, os amigos a escola

Recordo com saudade essa rua
Onde brincava entre crianças
Pura imagem nua e tão crua
Que me trazem vivas lembranças

O tempo de criança já passou
A rua onde morei ainda mora
Essa criança que ainda sou
E que a saudade não devora


Fernando Silva

sexta-feira, 19 de julho de 2013


Jogos Escolares

Tenho saudades da escola
dos livros e da sacola
dos ensinamentos, dispersos
flutuam na minha mente
num silêncio inocente
conhecimentos diversos

Saudades do meu pião
dos jogos de sedução
dum berlinde abafado
desses jogos ao luar
de tantas ruas sem par
dos colegas a meu lado

Dos carrinhos de madeira
da bilharda, da amoreira
do jogo da cabra-cega
das caricas deslizantes
e das esferas rolantes
tudo minha alma carrega

Dos professores dedicados
saudades dos educados
tenho saudades da bola
do mata e do recreio
dos amigos a premeio
da primeira camisola

Fernando Silva




 
No silêncio da dor...


Há um silêncio profundo
na maior dor deste mundo
recordar-te é ter-te em mim
onde tu jamais sairás
e para sempre ficarás
a nossa dor é assim...

Contornos de lealdade
causa-me tanta saudade
ver-te longe, tão perto,
uma relação afetiva
esta dor é tão ativa
num amor forte tão certo

O silêncio dos meus medos
transporta esses segredos
recônditos por essa dor
quero ter-te a meu lado
andar de braço-dado
neste silêncio de amor

Ver ao longe no horizonte
quero beber nessa fonte
desta dor forte... tão pura!
segurar em tua mão
dois num só coração
no jardim desta ternura.

Fernando Silva


 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Aldeias do concelho de Vila Flor

Hino de Valtorno

Refrão:
         Respira-se calma em paz, no amor aperfumado
         Bendito seja Valtorno, lindo solar abençoado.

Terra bendita, lugar sagrado, onde nascemos,
E que és por nós amada; tudo em ti ri, em ti seduz,
A onde existe tanto encanto e tanta luz,
Bendito deus, por tudo nos ter dado.
Somos teus filhos, te adoramos,
As nossas almas cantando vão,
Agradecendo, numa oração.

Refrão:
         Respira-se calma em paz, no amor aperfumado
         Bendito seja Valtorno, lindo solar abençoado.

Mal o sol nasce, é noite ainda
E o lavrador na sua aflição infinda,
Vai trabalhar com alegria,
Para tentar ganhar o pão de cada dia,
Juntam-se grupos, cada vez mais,
Cantando alegres como pardais,
E à noitinha, ao findar o dia, rezam baixinho,
Uma Avé Maria

domingo, 14 de julho de 2013

Lua


Beijo da Lua

 

Pedi um beijo à Lua!

Petulante  e arrojado,

Na minha dedicação...

Mas dessa imagem tão nua

Num luar iluminado

Abriu-se um coração.

 

A Lua trouxe o luar

E nessa forma de beijar

Num cristal enamorado...

Piscou o olho à saudade!

Beijou-me  de  verdade

Num beijo apaixonado.

 

Gritei aos quatro ventos

Terminaram meus lamentos

Num beijo doce e generoso!

A lua que me iluminava

Ao mesmo tempo em que me beijava

Num desejar tão ditoso...

 

Abri os olhos e acordei!

Se foi a Lua que beijei?

Quero voltar a beijar...

Não quero a lua só minha

Porque os beijos que ela tinha,

Foram distribuídos pelo  luar...  

 

Fernando Silva

Aldeias do concelho de Vila Flor



HINO DE VALE-FRECHOSO

Refrão

Ó meu belo vale-frechoso

Ó meu rico jardinzinho

O teu solo pedregoso

Dá pão azeite e vinho

 

Minha terra vale-frechoso

Fresco e mimoso jardim

Embora humilde singela

Tem encantos para mim

 

Minha terra vale-frechoso

Rodeada de outeirinhos

Onde há risos e alegrias

E cantos dos passarinhos

 

Alveja à beira da estrada

Uma linda capelinha

Dentro dela está guardada

A virgem nossa madrinha

 

Pelas ruas espaçosas

Amplas e bem calcetadas

Tem a beleza das rosas

Que ladeiam as estradas

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Escuridão...


De noite  escura ...

A noite... é escuridão

Apodera-se dos meus sonhos!

Rudes, inóspitos, debilitados.

Longe  de mim... há uma luz

Que brilha ininterruptamente,

Num brilho cândido da pureza dos homens,

Predestinados pela igualdade e o bem servir.

Os outros...sim os outros...

Onde andais? Valentes corajosos!

Que meus destinos detendes sufocados

Num brilho que não brilha!

Nem aqui... Nem além...

Nem sequer em algum lado.

Detonado de fragmentos azedos

Acompanhados desses medos

Que a humanidade repugna.

Pedras rastejantes, basaltos contaminadas

Pela incúria, na ganância da opulência,

Porque esperais? Garrotes asfixiantes?

Basta de artifícios mestrais

Retirados de uma cartola suja... do tudo...

Que dribla na esfera doentia do  poder

E retém novos horizontes ao mundo

Daqueles que  se vestem de preto!

Em luto pela morte de um povo.
Basta...
Deixai-nos ter a luz !
e aqui sermos felizes...

 

Fernando Silva

Aldeias do concelho de Vila Flor

Nabo…

Lugar visto da trincheira
Que nos conduz à ribeira
O sol castiga a rigor!
Há dádivas nessa aldeia
Onde meu povo semeia
E colhe a sua dor…
Há um presépio desenhado
Visto deste montado
Onde a vida purifica
Há uma chuva de querer
Mescla desse poder
Nesta vista magnífica.
O sol abrasador
Os raios desse calor
Que os produtos amadurece
Ter o pão de cada dia
Viver nesta harmonia
Rezar ao céu uma prece…

Fernando Silva

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Aldeias do concelho de Vila Flor


Ribeirinha
 
Ribeirinha, terra querida

O Tua canta a teus pés

Aldeia da minha vida

Mostra-nos quem tu és

Refrão

És formosa, hospitaleira

Linda aldeia, pequenina

Não me sais da ideia

Gosto de ti Ribeirinha

 

O vinho aqui tratado

Colhido com muito amor

O mundo fica encantado

Aldeia de Vila Flor

 

O Tua corre mansinho

Os peixes fazem serenatas

Sente especial carinho

Provocas outras tocatas

Refrão

És formosa, hospitaleira

Linda aldeia, pequenina

Não me sais da ideia

Gosto de ti Ribeirinha
 
Fernando Silva

Aldeias do concelho de Vila Flor


Alagoa

Ao encontro do segredo

Saímos sem qualquer receio

Chegamos um pouco cedo

Com cansaço a premeio

 

Mas a vivência da vida

Trouxe-me algo tão frontal

E a clareza desmedida

Deu-nos algo especial

 

Refrão

É tão linda a Alagoa

Como ela não conheço

Repleta de gente boa

Alagoa eu mereço

 

 

Todos conhecem os segredos

A confiança não tem fracos

Nesta aldeia não há medos

E o dinheiro fica nos buracos

 

Como esta vida é  diferente

Era bom todos assim fazer

 A confiança desta gente

Traz-nos algo  a rever

Refrão

È tão linda a Alagoa

Como ela não conheço

Cheia de gente boa

Alagoa eu mereço
 
Fernando Silva

Aldeias de Vila Flor.


Desta Trincheira

Daqui 

enxergo a vida... 

Desta aldeia tão querida

Não me sai do pensamento!

Vejo do alto da trincheira

A riqueza da ribeira

E todo o seu  valimento .

 

Nasce o dia... abrasador!

Nesta aldeia de lavor

 os frutos crescem aos molhos,

neste presépio montado

há amor por todo o lado

que faz chorar os meus olhos

 

Pelas lembranças de petiz

nas brincadeiras que fiz

Há melancolia e acalanto

Minha aldeia meu pulmão

Minha terra e meu pão

Meu pedaço de pranto

 

Do cruzeiro avisto horizontes

Desta ribeira de fontes

De vida tão favorável

Local de enormes encantos

De brincadeiras de cantos

De gente tão adorável

 

Oh minha terra

Minha flor

És primavera

És meu amor...

Quando se canta

O amor que te fascina!

Tua beleza  encanta

O teu cheiro me domina...

 

Fernando Silva

 

 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Nesta serenata


Serenata a ti...Vila Flor
 
Do alto da caroça vejo verdade

Do peneireiro vejo-te prendada

Das capelinhas juro-te fidelidade

Do nicho quero-te enamorada

 

Rezo ao  Mártir  S. Sebastião

Do Terreiro lembro a juventude

No Rossio tu és minha paixão

Quero-te na tua plenitude

 

Desço á Fonte em cordial leveza

No Arco recordo a tua história

Depois num gesto de Nobreza

No Museu colho lendas de memória 

 

Desço da serra, vejo-te cândida flor

Sacio a sede da água da serra

Recordo a meninice o meu amor

Uma beleza emerge da quimera 

 

Desço do nicho á estatua D´el Rei

Orgulho, júbilo e grande beleza

Nesta terra onde para sempre amarei  

A verdade, as flores, a sua pureza
Fernando Silva





 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Meu..medo.


Medo... De te perder!

 

Há um medo que me abraça,

Um medo que me enlaça...

Não me deixa respirar!

De um ar tão agressor

Que me provoca tal dor,

Na minha forma de amar.

 

De dia... anda contigo!

À  noite dorme comigo,

O mede de te perder...

Vivo nesta agonia,

Não sei qual será o dia?

Que sem medo vou viver!

 

Foge... contigo em teus braços,

Dá-te beijos e abraços,

Quer do medo falar...

Essa mulher...é meu medo!

Guarda com ela o segredo

Contigo poder acordar.

 

Fecha os olhos a esse medo

Deixa-a guardar o segredo

Que seja prá eternidade!

Porque o amor é sincero

E é contigo que eu quero

Viver toda a  felicidade...

 

Fernando Silva

 

domingo, 7 de julho de 2013

Vento...


Poema ao vento.

 

Escrevi um poema ao vento!

A palavra foi levando,

ficam em meu sofrimento

as letras que foi deixando...

 

Traz-me de volta o carinho

que escrevi nessa poesia!

podes dizê-lo baixinho

eu vivo de nostalgia

 

Levaste as flores do campo

que desenhei a rigor...

e os ais desse meu pranto

são soluços desse amor

 

Não há ventos que dilacerem

o meu próprio pensamento!

haja os ventos que houverem

escrevo poemas ao vento...

 

O vento trouxe esse encanto

num poema em ti gravado!

terminou com o meu pranto

e ficou sempre a meu lado...

 

J. Henriques Neto

 

sábado, 6 de julho de 2013

Orvalho...


Orvalho

 

Cheira-me ao relento humedecido

Que a noite beijou no alvorecer

Cheira-me ao lume enegrecido

Guiado pelo afluxo desse acontecer

 

Terra amarinha pela ternura

Que os “ventos” trazem devoluta

Cinza que amofina de textura

Valado grado de vida refuta

 

Que a labuta humana criou

Desprovida e desventurada

Que o silêncio ameno silenciou

Na madrugada desgarrada

 

Ai lágrimas humildemente refletidas

Nos valados por onde a vida passa

Borrifam as terras perdidamente carecidas

Pela seca escarpada  em ameaça

 

Levanta-se das cinzas ainda quentes

A valentia de um povo castigado

E das necessidades prementes

Nasce esse orvalho  tão desejado.

 

J. Henriques Neto

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 2 de julho de 2013

Brilhos...

Brilhos do teu Brilhar

Há um brilho em teu olhar
Que não desprende do meu,
São teus olhos a brilhar
No brilho dos olhos meus…

Nos teus olhos há desejos,
Nos teus lábios há sorrisos,
Os sabores dos nossos beijos
São eternos paraísos…

Anda… o sol atrás da lua!
Num amoroso brilhar,
A minha boca atrás da tua
Para teus lábios beijar.

Nos jardins destes caminhos
Há rosas a latejar!
Lembram os nossos carinhos
Nos teus olhos a brilhar…

A lua quando desperta!
O sol deseja beijar,
Há sempre uma porta aberta
No brilho do teu olhar.

J. Henriques Neto