sexta-feira, 28 de novembro de 2014

                                                      Pedras…

Pedras da rua,
Que a noite amua
Teu acordar…
E quando o dia começa
Já não tens pressa
Podes ficar!

Diz-me os passos que dás
Se fores capaz
De me falar!
Ai se as pedras falassem
Talvez contassem
Tanto penar.

Pedras da rua,
Que à luz da lua brilham contentes
Nesta calçada não dizem nada
Mas são diferentes…
Pedras da rua
Imagem nua, passos contidos
Lembram pegadas
Em ti deixadas
Nobre sentidos

São espelhos de outros passos
Entre os abraços
Desta “avenida”
Emblemas do passado
Frases, recado
Na nossa vida.

Fernando Silva


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A rua da minha infância

Na rua da minha infância
Recordo a criança
A correr e a sorrir
Os amigos da escola
O jogo da bola
A saudade a surgir

Crianças de outrora
Que ainda agora
Vejo partir…
Desta terra sentida
Para quem a vida
Tem outro sentir

Casas “velhinhas”
“Brancas branquinhas”
Neste existir…
Na “rua” dos meus amores
Andam sabores
A fluir…

O tempo passa a correr
Neste viver
Há algo mais
Nesta terra humildade
Bate a saudade
Dos arraiais

Andam lembranças perdidas
Noites sentidas
Luar prateado
É noite de "lua-cheia"
O amor semeia
Em todo o lado


Fernando Silva 

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Luzes na noite. É noite escuto o meu peito…percorro tuas ruas desse meu jeito! Ouve-se o sossego das luzes que te enobrecem, porque na noite acontece e teu brilhar aparece. És despertar no alvorecer de sensibilidades indeterminadas. Escuto a noite… As velas acesas no teu pranto, cobrem de luz o teu manto que agasalha a tua essência. Bem no alto da madrugada a nudez com que te mostras viva, reflecte no meu olhar doce. Do ponto mais alto do teu ser… vejo-te majestosa! Lembras-me a mais linda rosa a proliferar, num perfume sem fim, que aromatiza quem te cheira. Toco-te com o meu olhar e ali fico indolente a quem passa, escondo-me em ti… para regressar no mais belo acordar. E enquanto a noite persistir é em ti que descanso o meu olhar.
 Fernando Silva

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Trechos de mim... Enquanto a bola rebola a caminho da escola, levo o olhar à Fonte...os livros vão na sacola que me abrem horizontes. Desço a rua espreito a serra, vejo os pássaros em liberdade que esvoaçam rumo à trincheira, voltam num colorido diferente, foi o sol no seu raiar nesta beleza sem par que os faz sorrir de novo. Seguram nos frutos da vida para consigo os levar, num rumo constante entre diabruras e acrobacias fazem as delícias de quem passa. O intervalo chegou a brincadeira voltou, ao recreio... a felicidade! Era a vida a sorrir, neste aconchego gratificante. Saio de passo apressado e vou à Rua da Serra, beijo as mãos de minhas avós de quem recebo um carinho enorme. Corro para o Rossio e neste lugar de desafios, troco os cromos da colecção dos jogadores da seleção que em 1966 fizeram as delícias de um povo e ergueram bem alto a bandeira desta Nação. Um amigo da brincadeira meu colega de carteira trazia um pião já picado de tanta pancada ter levado e ali ficamos. Não tardou muito tempo e o Rossio foi-se compondo de juventude, entre o jogo da bola e a troca de cromos. Alguém se abeirou do marco do correio, colocou uma carta e comentou: Levai-me esta carta para as terras longínquas onde a guerra impera, trazei-me notícias do meu filho que luta no fim do mundo, porquê? nem sei! Quem me dera vê-lo a jogar a bola com vocês, cresceu rápido de mais. Tirou um lenço e passou-o pelo rosto, era a saudade estampada na face daquela mãe que sofria a ausência do seu "bem mais querido". Enquanto isso a brincadeiras não findavam, a alegria alastrava pelas ruas desta terra. Fernando Silva

domingo, 16 de novembro de 2014


Sombra... na noite!

 

Sozinho na madrugada...

 uma sombra já cansada,

 refrete o som dos teus passos.

 É essa sombra perdida,

 que parece não ter vida

 mas que corre para teus braços.

 

A noite... é pássaro negro,

 que precisa de aconchego,

 oferecido por teus abraços.

 Só a noite fica triste

 na sombra já não existe

 reflexos dos teus passos

 

Quer a noite que assim seja...

 na sombra que se deseja

 haja amor também carinho

 Mesmo na noite mais escura

 seja sombra de ternura

 que ilumine o teu caminho

 

Fernando Silva
Encantos...perdidos.
Nesses encantos perdidos!
achei-me nos teus encantos!
Encantos em ti vividos, ...
são sinais desses meus prantos!

Há uma tela pintada,
de mãos em oração...
Nos braços da madrugada
na mais louca sedução!
Se à noite brilham estrelas,
vindas do azul dos céus,
quem me dera poder tê-las
no brilho dos olhos teus!
A madrugada se agita,
no fogo do teu amar...
Há uma saudade que grita,
no grito do teu brilhar.
Fernando Silva

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Serenata...à nossa Terra.
Caem gotas de esperança...
Vindas do alto da serra
Saudades trazem lembranças!
Desses tempos de criança
Passados na nossa terra
No facho, no peneireiro,
Na Senhora da Assunção.
Nesse lugar pioneiro...
É de todos o primeiro
Em amor e devoção.
Das capelinhas... saudades!
Dos meus tempos de criança
Miradouro... claridades!
Lugares de raridades
Sitio de paz e esperança
O cardal foi aventura...
O caniço e outros mais
Fonte do olmo é ternura
Chandasna foi amargura
Onde suspiram teus ais
Terras de trigo e de pão
No azeite és um primor
Vilariça teu filão...
E as mãos em oração
Agradeces ao Senhor...

Fernando Silva

domingo, 9 de novembro de 2014

Procuras no tempo


Descobre agora...
o tempo lá fora
que por ti procura!...
A esta distância
não dás importância
pensas ser loucura!

O tempo passou,
em ti não parou
nem o negro destino
a chuva a cair
o verão a fugir
desde que és menino
O tempo a correr
que podes fazer
pró tempo parar
o tempo parou
a ti não chegou
não podes esperar
Segue a tua sina
e busca a menina
que amaste outrora
agarra esse tempo
do teu pensamento
não se foi embora...
Fernando Silva
Neste momento...
Escrevo para ti...poeta!
Amante da vida...que te envolve
e nas frases que interpreta,
há um misto de ternura que nos ouve.
Lá fora o tempo que se avizinha,
traz amarguras nos trigais...
Hoje são as saudades minhas,
dessas andorinhas nos beirais.
Há um sentimento que em nós se agita,
pela diversidade dos momentos...
Um silêncio, um poema que em nós grita
e que nos acompanha pelos tempos.
Ser poeta... é ter na alma!
O sentido que nos leva ao firmamento
e mesmo depois da maré calma,
Agradeço a Deus meu sentimento...
Fernando Silva

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Dói-me tanto que o tempo passe...porque vivo cada instante! Pedi ao tempo que voltasse...este ficou hesitante! Não sei se foi do Luar! Mas antes que este se fosse...o tempo pensou em voltar, chegou o tempo e mudou-se.


Fernando Silva

quinta-feira, 6 de novembro de 2014


Traz-me o tempo...

 

Eu sinto... que te sentindo!

Quero o murmúrio do vento

O tempo mesmo que partindo

Continua a ser sempre tempo.

 

Não sei se me olhas... no tempo!

Se no tempo vou ficar!

Existe sempre o lamento...

No choro do teu chorar.

 

Há uma candeia apagada

Que se acendeu com o vento

Hoje é cinza é luz sem nada

Por culpa do próprio tempo

 

Meus cabelos branqueando

São sinais de nostalgia

Sinais do tempo... passando!

Na mais pura melancolia

 

Queria que o tempo voltasse

E que o vento me trouxesse

Queria que o vento falasse

No murmúrio que  fizesse

 

Fernando Silva