Orvalho
Cheira-me ao relento
humedecido
Que a noite beijou
no alvorecer
Cheira-me ao lume
enegrecido
Guiado pelo afluxo
desse acontecer
Terra amarinha pela
ternura
Que os “ventos”
trazem devoluta
Cinza que amofina de
textura
Valado grado de vida
refuta
Que a labuta humana
criou
Desprovida e
desventurada
Que o silêncio ameno
silenciou
Na madrugada
desgarrada
Ai lágrimas
humildemente refletidas
Nos valados por onde
a vida passa
Borrifam as terras
perdidamente carecidas
Pela seca
escarpada em ameaça
Levanta-se das
cinzas ainda quentes
A valentia de um
povo castigado
E das necessidades
prementes
Nasce esse orvalho tão desejado.
J. Henriques Neto
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