sábado, 19 de março de 2011

Tradições, Culturas e Oportunidades


A memória transporta-me à infância.



A alegria sentida no uso dos trajes tradicionais, traziam cor às ruas de Vila Flor. As crianças, os adolescentes e adultos, produziam um colorido vivaz e acolhedor a uma terra de tradições e de cultura. Uma Vila que não passou indiferente a Sua Majestade o Rei, que se curvou perante tanta beleza.
Os jogos tradicionais, tinham um cariz de amizade, as crianças executavam-nos na perfeição, as escolas primárias eram pioneiras nesta particularidade. Nos recintos de recreio as crianças davam asas à imaginação e recreavam de forma saudável nas horas de lazer. Mais tarde, estabiliza-se por anos indeterminados a forma como épocas de Carnaval, dos Réis, entre outras, eram encaradas pelos Vilaflorenses.









A folia era trazida pelo povo às artérias da Vila, nas quais se dividiam os vários estratos sociais, que aguardavam a chegada do corso. Embora vivendo politicamente um ambiente adverso, o povo tinha nestas pequenas manifestações o à-vontade em realizar. Tais exteriorizações eram entendidas como de um provérbio popular de falasse, uma vez que era carnaval e ninguém levava a mal.










Porém, estas festas produziam nos Vilaflorenses agitação e entrega, motivo porque eram várias as pessoas que se restituíam na feitura de hilariantes aprimoras, que conquistavam a multidão. As brincadeiras da juventude bisavam essa mesma juventude, com a obrigatoriedade de carregar a responsabilidade de seguir actos vividos outrora, que foram passando de geração em geração.








O carnaval trazia alegria, movimento, encontros, reinação e porque não dizê-lo “amores”, onde não faltavam os bailes de rua, nos quais o povo se encontrava e dançava ao som dos gira-discos.








Os tempos correm e a cada ano que passa as tradições têm tendência a desaparecer, as dificuldades sentidas fazem com que várias pessoas tenham que sair da sua terra natal, dada a precariedade de trabalho no seio do local onde nasceram. Porém, estas manifestações passaram por um tempo mais plácido e a pouco e pouco têm surgido através de orgulho e carolice de pessoas que não deitaram a toalha ao chão e conseguem aos poucos garantir e erguer uma tradição que tão do agrado é dos Vilaflorenses. Quero aqui manifestar o meu apreço às pessoas das aldeias do meu concelho, pela entregam de alma e coração ao convívio, demonstrando trabalho, carinho e jeito para estas manifestações populares.




Para que estes grupos pudessem garantir um continuar com futuro, com objectividade seria de todo importante criar no seu seio, tocadores de concertina ou acordeão, uma vez que se constata esta lacuna, principalmente no Grupo de Cantares de Vila Flor. Outro dos aspectos que ressaltam aos olhos é a falta de um grupo teatral, será que é assim tão difícil reunir gente com aptidão para tal? Não me parece, uma vez que em cada manifestação vivida por exemplo aquando da celebração do Dia de Réis, onde se verifica o à-vontade de várias personagens e se constata a existência de muita gente com jeito, que teria a oportunidade de dedicar horas do seu lazer a algo que tanta falta faz na nossa Vila.
A actualidade não nos deixa alcançar diversos patamares é certo, por razões sobejamente conhecidas, mas a vontade do ser humano prevalece sobre todas as coisas, como tal urge fazer-se algo que foi criado há muito tempo nesta terra, teve impacto no concelho e não só, quando grupos de pessoas “amigas” é certo, executaram de forma vivaz peças teatrais.










Eram pessoas de Vila Flor e do seu concelho, que muito honraram as suas gentes. Ao que me é dado saber, existem sedes de concelho no Distrito de Bragança que possuem Grupo de Teatro Amador, porque não em Vila Flor? Fica a pergunta e quem me quiser responder ficarei grato. Quantas mais pessoas possam aderir a esta ideia, melhor. Assim, dar-se-ia oportunidades aos jovens, aos menos jovens e às crianças. Pensem nisto e sejam executantes em prol de uma Vila, de um Concelho e de uma Região. Outros dos aspectos que me ressalta à vista é a qualidade de imagens do nosso concelho, que me encantam, que me fascinam, que me deliciam ao vê-las diariamente nos diversos blogues, particulares é certo, mas de uma qualidade acima da média, para quando uma exposição de fotografia?






















São factos, constatações que resultam de uma menor actividade que quão seria importante colocar em prática. O dinamismo popular resulta de um envolvimento conjunto, no qual se dá em troca sem nada se receber. A nossa população envelhecida carece de momentos de ternura, de carinho, para tal temos o dever de lhes proporcionar esses ensejos, para fugir à monotonia e restituir-lhe direitos que a própria sociedade lhe retira a cada dia que passa.     





O autor
Fernando Silva

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