Dança comigo!

Concede-me esta dança

Enquanto o mundo avança

No silêncio dos meus passos

Seguro na tua mão

E de coração em coração

Unimos os nossos laços

Dá mais um passo

E neste abraço

Dança comigo…

Na sinceridade 

Trago a saudade

Presa contigo

Foi neste bailado

Passo acertado

A música a acontecer

Nasceu em nós

Dançamos sós

Vamos viver

Depois desta dança

Tudo será diferente

E toda a gente

Vai perceber

Que o mundo avança

Na nossa esperança

No acontecer…

 Fernando Silva 

Ouro ceifado!

Ouço ao longe um som que me desperta!

Não sei de onde vem!

Vem de parte incerta!

Trazido pelo vento parece lamento…

E à medida que o vento de mim se acerca,

Parece-me “gemido-vida” que tanta vida carrega

E para lá dos montes à vida se entrega.

Num olhar sentido, ouço esse gemido, trazido no vento!

Uma pausa e a preceito, corrige com jeito a disposição da carga.

Que o vento me traga de novo esse gemido e de qualquer maneira

Se possa dirigir para a eira, onde será ouro vivo…

Já foi relheiro que o sol aqueceu, trazido na esperança

Que seja bonança a esse plebeu.

São espigas de ouro, de enorme tesouro, que juntas se esmeram,

Levam pancada, na estrada adocicada, à vida se entregam…

Passou a meu lado e esse gemido acabou na meda

Em lugar de evidência faz parte da essência 

Para que tudo suceda…

As espigas em pão…rosário oração, praganas, árduo labor!

Assim era a vida, sempre provida com este rigor…

Mas essa canseira cantada na eira tão doce em cidadania

Ouço o som que grita em “pedra granita” em suor de pranto

Recordar dia após dia meu campo de encanto…

Fernando Silva

 

Rossio é Altar...

Ai meu Rossio,

Marco vazio…água a pingar!

Saudade do tempo…

Desse lamento em ti a namorar.

Da cândida calçada,

Da neve geada em ti a cair…

Rossio é serenidade   

Tranquilidade

No meu existir.

Ruas limpinhas…flores daninhas

Por lágrimas regadas

Meu poço de encanto

Que eu quero tanto

As tuas pegadas

Rossio é coração

Amor…devoção

Lembranças e alegria

Rossio é afecto

Neste prospecto

Lugar Nostalgia

Noites de luar

Rossio a cantar

Pelas tradições

Passadeiras rigor

Passagem do Senhor

Nestas procissões

Capital do mundo

Num ai tão profundo

Desejo abraçar

Dar-te mais um beijo

Neste meu desejo

Rossio é Altar

Fernando Silva

Campinos

Campinos homens valentes

Vão sorridentes

Para a labuta

Sentinelas sabedores

Conhecedores

É gente astuta!

Conduzem com mestria

Até ao fim do dia

Os touros de raça

Seguem o gado

Com o maior cuidado

No campo ou na praça

Puro Ribatejo

Doce desejo

Num despertar

Guardiões da Lezíria

Com valentia

P´lo seu cuidar.

Colete encarnado

Esperas de gado

Gente de fibra

Pampilho, jaqueta

Vão pela charneca

O seu corpo vibra

Verde barrete

Cavalo é foguete

Neste carinho

Orientação

E devoção

No seu caminho

Rezam ao Senhor

No seu labor

Suas orações

Oh meu Ribatejo

Tão puro de vejo

Nestas tradições

 Fernando Silva