terça-feira, 28 de abril de 2015

Ouro ceifado!

Ouço ao longe um som que me desperta!
Não sei de onde vem!
Vem de parte incerta!
Trazido pelo vento parece lamento…
E à medida que o vento de mim se acerca,
Parece-me “gemido-vida” que tanta vida carrega
E para lá dos montes à vida se entrega.
Num olhar sentido, ouço esse gemido, trazido no vento!
Uma pausa e a preceito, corrige com jeito a disposição da carga.
Que o vento me traga de novo esse gemido e de qualquer maneira
Se possa dirigir para a eira, onde será ouro vivo…
Já foi relheiro que o sol aqueceu, trazido na esperança
Que seja bonança a esse plebeu.
São espigas de ouro, de enorme tesouro, que juntas se esmeram,
Levam pancada, na estrada adocicada, à vida se entregam…
Passou a meu lado e esse gemido acabou na meda
Em lugar de evidência faz parte da essência 
Para que tudo suceda…
As espigas em pão…rosário oração, praganas, árduo labor!
Assim era a vida, sempre provida com este rigor…
Mas essa canseira cantada na eira tão doce em cidadania
Ouço o som que grita em “pedra granita” em suor de pranto
Recordar dia após dia meu campo de encanto…


Fernando Silva
 

2 comentários:

  1. Olá Fernando!
    São escritos como este que nos permitem "Recordar dia após dia meu campo de encanto…" Eu direi o nosso campo de encanto.
    Gosto muito. Mais palavras não são precisas.
    Um abraço.

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  2. Campo de encanto que tanto nos fascina. Que nos enche a alma e nos liberta da "agressividade" da vida citadina. É desta forma que nos sentimos bem...a falar das recordações, também das tradições e fundamentalmente desse "Paraíso Maravilhoso", citando "o enorme Miguel Torga". Abraço meu amigo José Carlos.

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