quinta-feira, 12 de novembro de 2015



Um beijo que nunca te dei!

Rompe a noite e de mansinho, ouço passos no atalho que me leva ao teu postigo. Desço os degraus da Capela, bebo água da fonte e vou ao teu encontro. Uma estrela luzidia “caminha” em meu caminho. Sereno mas inconstante prossigo minhas intenções, não sei se é da luz dessa estrela mas a rua ficou mais perfeita, será das minhas ilusões? Não sei! Há um sinal que me indica que a janela se fechou…porém os meus intentos ficaram firmes e continuei a caminhada. Ciente que tu ali estavas fui desperto nas sombras que havia nesse caminho. Uma dela a maior parecia-me um roupão despido há pouco, cheirava-me a ti, as mangas acenavam …pensei estar a alucinar mas pouco tempo depois observei o gesticular de outras peças de vestuário presas nas cordas da varanda. Ponderei ser o vento que as fazia mover…num vai e vem constante tal era a força do vento. Meditei! Despi-me de preconceitos e quis segurar nas peças mais íntimas…mas, poderia cometer um erro crasso e pegar vestuário de outra mulher. Resolvi seguir. Espreitei o telheiro onde os teus familiares guardam os cereais, lembrei-me de nós crianças a brincar no balouço que teu avô fez com tanto…tanto carinho. Lembras-te? Esse amor platónico era contagiante que ainda hoje desejo os teus lábios e tu desapareces…Onde é que eu ia? Já sei…subia as escadas que davam acesso ao teu quarto, onde sonhas os sonhos mais desejados e de corpo e alma te entregas num despertar que nos alimenta e nos sossega enquanto lá fora a vida é de esperança…
(…)

Fernando Silva

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