Silêncio que a noite
dorme…despida por tuas mãos, segura pelas amarras do rio onde se espelha. A
hora é de sossego…no brilhar das estrelas reflectem acalmias onde os corações
apaixonados se tocam. No palco da fama as guitarras passeiam-se livremente por
entre as mágoas da cidade e as chagas que lideram o fado. O poeta escreveu e a
fadista contou num poema que nos deixou de olhar fixo naquela figura. Enquanto
as guitarras trinavam de dor…e as cordas pisadas por dedos calejados pela vida
que dedilhavam a saudade. Ao virar da esquina, um corpo de vida deixado ao
desdém se destapa… ouve-se um gemido de guitarra que não ficou sozinha à beira
do caminho. Num “Fado Menor”, “Três Bairros” se juntam e à “Meia-Noite” a
saudade atravessa a “Mouraria” num “Fado Corrido” que atravessa a cidade e nos
leva ao “Victória” que o “Rei” sem coroa nos deixou. Uma luz “ténue-adormecida”
indica-nos uma taberna onde a lua adormece nos xailes de linho, bordados a ouro
por mãos de fadas…
Lá dentro uma voz
vinda do canto da sala grita: Bravo, bravo, bravo…
Ouvem-se os aplausos
e o público rende-se aos encantos de mais uma noite de pura magia.
A noite acabou no
dia! Amanheceu, tristonho ali ficou. Agarrado na esperança por entre as vielas
escondidas do passado gritou: -Silêncio… que a noite dorme… despida!
Fernando Silva
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