quinta-feira, 21 de janeiro de 2016


Silêncio que a noite dorme…despida por tuas mãos, segura pelas amarras do rio onde se espelha. A hora é de sossego…no brilhar das estrelas reflectem acalmias onde os corações apaixonados se tocam. No palco da fama as guitarras passeiam-se livremente por entre as mágoas da cidade e as chagas que lideram o fado. O poeta escreveu e a fadista contou num poema que nos deixou de olhar fixo naquela figura. Enquanto as guitarras trinavam de dor…e as cordas pisadas por dedos calejados pela vida que dedilhavam a saudade. Ao virar da esquina, um corpo de vida deixado ao desdém se destapa… ouve-se um gemido de guitarra que não ficou sozinha à beira do caminho. Num “Fado Menor”, “Três Bairros” se juntam e à “Meia-Noite” a saudade atravessa a “Mouraria” num “Fado Corrido” que atravessa a cidade e nos leva ao “Victória” que o “Rei” sem coroa nos deixou. Uma luz “ténue-adormecida” indica-nos uma taberna onde a lua adormece nos xailes de linho, bordados a ouro por mãos de fadas…
Lá dentro uma voz vinda do canto da sala grita: Bravo, bravo, bravo…
Ouvem-se os aplausos e o público rende-se aos encantos de mais uma noite de pura magia.   
A noite acabou no dia! Amanheceu, tristonho ali ficou. Agarrado na esperança por entre as vielas escondidas do passado gritou: -Silêncio… que a noite dorme… despida!   

Fernando Silva


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