quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Natureza

Despida no tempo

Hoje amanheci despida
Ontem fui cândida de pureza
Vejo-me no monte perdida
No meio da natureza

De dia é Sol que me aquece
De noite fico só nesta agonia
É a chuva que me humedece
As folhas eram minha companhia

O vento levou parte da minha vida
Arrancaram-me a vivacidade
Fiquei irremediavelmente despida
Agora sinto desmedida saudade

Hoje os meus braços estão vazios
Nem a sombra me conforta
Sinto fortes dores e arrepios
Quando a saudade bate à porta

Os dias passam e Primavera acontece
Os meus ramos receberam confiança
E quando a flor acontece
Volta de nova a minha esperança

Abrem flores que meu peito contagia
Os frutos, são a vida que ofereço
Termina a minha grande agonia
Agora todos os dias me aqueço

Fui árvore despida neste monte
Pelo vento, pela chuva, pela caducidade
Meus filhos são a pura fonte
São meus laços, são saudade

Autor Fernando Silva

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