Despida no tempo
Hoje amanheci despida
Ontem fui cândida de pureza
Vejo-me no monte perdida
No meio da natureza
De dia é Sol que me aquece
De noite fico só nesta agonia
É a chuva que me humedece
As folhas eram minha companhia
O vento levou parte da minha vida
Arrancaram-me a vivacidade
Fiquei irremediavelmente despida
Agora sinto desmedida saudade
Hoje os meus braços estão vazios
Nem a sombra me conforta
Sinto fortes dores e arrepios
Quando a saudade bate à porta
Os dias passam e Primavera acontece
Os meus ramos receberam confiança
E quando a flor acontece
Volta de nova a minha esperança
Abrem flores que meu peito contagia
Os frutos, são a vida que ofereço
Termina a minha grande agonia
Agora todos os dias me aqueço
Fui árvore despida neste monte
Pelo vento, pela chuva, pela caducidade
Meus filhos são a pura fonte
São meus laços, são saudade
Autor Fernando Silva
Muito lindo, este poema!
ResponderEliminarParabéns!