domingo, 17 de fevereiro de 2013

Vida...

Mão cheias do nada.

Há uma criança que chora nesta correnteza
E um adulto que mendiga até de madrugada
As lágrimas sentidas têm sal de pobreza
E as pedras gastas de tanta caminhada

Choram a dor que a própria vida lhes deu
E as injustiças de uma sociedade agreste
Esta criança não tem culpa porque nasceu
É filha da vida, onde há “pão” que preste

Um cibo de pão abafado na dor
É alimento despido de quem nada tem
Se nas ruas onde pede não há amor
Como pode a criança? Crescer sem alguém!

Dorme ao relento em paredes de papelão
Numa caixa vazia de carinho e amor
Apanha o frio que lhe corta o coração
Tem por agasalho um simples coberto

É um estorvo ao governo neste apodrecer
Empecilho nas imagens de um País aldrabado
Com bancos de jardim ignorados pelo poder
Há tanta criança com fome neste Portugal ceifado


Fernando Silva


Sem comentários:

Enviar um comentário