quinta-feira, 19 de março de 2015


A velha nora lembra-nos no mais agradável pensamento e nos recorda os trabalhos de uma vida… que a nossa imaginação transpõe de fácil acesso! Longe vai o tempo, em que de calções vestidos, umas alpargatas gastas pelo tempo, caminhavam pelos trilhos de um tempo “perdido” no tempo, em busca de dias de maior rentabilidade para fazer face aos dias adversos, na procura da tão necessitada água… para o desenvolvimento das culturas.
 A velha nora, sustentava o regadio, rendimento próprio de quem detinha uma “agricultura de subsistência”. Jaz agora num terreno perto de si, abandonada, enquanto o tempo a destrói. Haste gasta pelos martírios, alcatruzes rudes deixados ao desdém “enquanto uns se enchiam outros ficavam vazios” e depositavam a preceito, a água que se dirigia livremente para os regos onde a vida despontava. 
Longe vai o tempo em que os animais davam voltas e voltas até saciarem os caneiros criados para que a água não levasse outro rumo… que não, o dos alimentos agrícolas.
Sabor insípido que a vida contempla e nos conduz a trilhos por muitos palmilhados, que nos honram e nos trazem uma “melancolia- nostálgica”, que nos toca e nos faz recordar os tempos de criança.
Até as flores, que embelezavam o teu ser murcharam, hoje, só as silvas predominam nos teus resguardos. De que te serviu um vai e vem constante? Para quê tanta labuta? Tanta azáfama! E tanto sobe e desce, no ajudar a crescer e fazer crescer, o alimentar de vidas… foste deixada ao abandono, estás velha… já não serves! O teu fim é uma morte… lenta! Hoje, de “musgo vestida”, sofres as intempéries e o abandono de quem te usou enquanto nova. Os alcatruzes da nora vão permanecer pelo tempo fora...nem que seja apenas no nosso pensamento. 

Fernando Silva



Derramei 

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