quinta-feira, 12 de março de 2015

O outro lado de um Carrasco.

A imponência do teu ser… transporta-me para a minha meninice!
A curva onde te situas é ponto de passagem sem retrocesso. Junto de ti…diz a lenda, outros horizontes se vislumbravam. Todavia, há o “outro lado de”…e é aí que me debruço, olhando o teu porte, quantas vezes gostarias de não existir para não assistires à tristeza que por ti passa.
As tuas raízes transpõem o pensamento, percorrem a estrada onde tanta vida por ali atravessa…A saudade leva-me para lá dos teus “braços”. As lágrimas caem imprudentemente sob o caule da vida, onde a sinuosidade de esperança termina. Ouço perto de ti a voz que encanta e o “mundo” espanta neste pedaço onde o acaso me fascina. Num olhar amargo, por vezes quase cruel, olhas a estrada e meu olhar se esvaia, por entre a multidão que segue. Raízes que a alma atravessa na passagem sem pressa e deixam que os teus ramos respirem, em partilha de momentos, por haver tantos que ao passar, rezam a Deus as preces sentidas. Carrasco, testemunho de outros medos, quantos segredos guardas religiosamente no teu todo. As tuas raízes espalham-se na "doce" terra da veiga, o teu tronco é a fortaleza que segura tantos ais, teus ramos a serenidade de quem se esmera, que de primavera a primavera vês... tanta “vida” a passar.
   
Fernando Silva

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