quinta-feira, 16 de setembro de 2010

raíz da minha essência

Ao encontro da minha terra

Preparava-me para fazer mais uma viagem, que me levaria à terra que me viu nascer. Depois de tudo organizado, fizemo-nos ao caminho, algo que fazemos pelo menos duas vezes por ano. Contudo, em Agosto torna-se imperativo a nossa presença junto da família. Passados alguns minutos de viagem a Vera, dirigindo-se à mãe disse-lhe:
- Mãe, não achas melhor eu ir no banco da frente?
Ao que a mãe respondeu:
 - Porquê por acaso estás a pensar que vou adormecer?
- Isso é mais que evidente! – respondeu – quando passarmos a zona de Santarém já vais a dormir! Como sabes eu não fico com sono, como tal faço companhia ao pai e tu vais para o banco de trás fazer companhia à Patrícia, o que é que achas?
 – Não acho nada, o meu lugar é aqui e o teu é aí! Os filhos vão no banco de trás e os pais no banco da frente – ripostou de forma autoritária.
Enquanto o diálogo entre mãe e filha continuava, a viagem decorria normalmente, pois era quase sempre assim. Enquanto isto a Patrícia, que não gostava da música que íamos a ouvir, disse:
-Desculpem, mas eu não sou obrigada a ouvir o que vocês gostam, vou ouvir as minhas músicas!
E assim fez, enquanto a Vera, mais dada a outras músicas, acompanhava os gostos do pai e da mãe, e de vez em quando cantava, nunca lhe dava o sono, era companhia para toda a viagem. Porém, a Patrícia metia-se na conversa, embora atenta à sua música, mas também atenta ao que se passava ao seu redor.
Parámos várias vezes para descansar um pouco, porque a viagem é longa e pela minha segurança, pela da minha família, mas principalmente pelos outros, procedo sempre da mesma maneira, pois já diz o ditado “mais vale perder um minuto na vida do que a vida num minuto”. Enquanto viajávamos, conversávamos.
A música ajuda a passar melhor o tempo de duração da viagem. As notícias, o trânsito e no geral, mantêm-nos sempre informados. As crianças vão fazendo perguntas de várias índoles, contudo as perguntas de como estará a terra, e alguma família que já não vemos há muito tempo, principalmente aqueles que se encontram emigrados, são mais excitantes.
A primeira paragem decorre quase sempre numa estação de serviço, porque dispõe de condições ideais para ver como o veículo se encontra e recuperar um pouco para se seguir passados cerca de 15 minutos. Retomada a viagem as filhas começam a dar sinal de cansaço, a Patrícia dorme e a Vera vai pelo mesmo caminho. Achei estranho porque a mais velha nunca dorme. Contudo, diminui o som do rádio, a esposa embora com vontade de descansar um pouco, prefere conversar para que a viagem não seja tão cansativa e principalmente para que eu não adormeça também. Embora, até à data, essa situação, graças a Deus, nunca tenha ocorrido.
Parámos pela última vez, em Celorico da Beira. Paragem obrigatória sempre que vou a Vila Flor. Bebo o meu cafezinho, as miúdas comem alguma coisa, enquanto a esposa me acompanha no café. Retomo a minha viagem, aliás a nossa viagem, e estamos cada vez mais próximos da terra. As curvas e contra-curvas fazem-me ter uma atenção redobrada, no entanto confio no que faço e dou tranquilidade e segurança a quem comigo viaja. As filhas vão-se apercebendo de que Vila Flor está a poucos quilómetros, dizendo que já falta pouco para chegarmos, a ansiedade e a vontade de chegar ficam de mãos dadas...
   As perguntas feitas pelas filhas começam a disparar. Quem vamos encontrar? Será que este ou aquele estão? Como está isto ou aquilo? Enfim, tantas perguntas que só terão resposta quando se chegar a Vila Flor.
 Quando chego à zona do Pocinho parece-me ter outra alegria. É contagiante a aproximação à terra. Passo a ponte sobre o rio Sabor e lembro os piqueniques à beira-rio, as meninas eram ainda pequenas e brincavam ali, com os familiares.
O olhar começa a ficar mais brilhante à medida que se aproxima a zona da Junqueira e vejo a placa do Concelho de Vila Flor, estou muito perto da minha Terra, da minha família, dos meus amigos!
As miúdas não cabem em si de contentes, sabem que os avós estão cada vez mais próximos, a família, a terra, sim por que a Patrícia apesar de alfacinha diz que Vila Flor também é a sua terra e tem tanta vontade de ali chegar, tal como nós.


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