sábado, 6 de julho de 2013

Orvalho...


Orvalho

 

Cheira-me ao relento humedecido

Que a noite beijou no alvorecer

Cheira-me ao lume enegrecido

Guiado pelo afluxo desse acontecer

 

Terra amarinha pela ternura

Que os “ventos” trazem devoluta

Cinza que amofina de textura

Valado grado de vida refuta

 

Que a labuta humana criou

Desprovida e desventurada

Que o silêncio ameno silenciou

Na madrugada desgarrada

 

Ai lágrimas humildemente refletidas

Nos valados por onde a vida passa

Borrifam as terras perdidamente carecidas

Pela seca escarpada  em ameaça

 

Levanta-se das cinzas ainda quentes

A valentia de um povo castigado

E das necessidades prementes

Nasce esse orvalho  tão desejado.

 

J. Henriques Neto

 

 

 

 

 

 

 

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