terça-feira, 30 de julho de 2013

Excertos...


Excertos de mim…


Passo a passo, caminho na noite com o intuito de te reencontrar. Ao longe, avisto a luz que ilumina a minha chegada, seguindo meus passos ao teu encontro. Cá fora., num vaso esquecido… mora a saudade! Regada pelas lágrimas derramadas dos meus olhos. Há uma flor olvidada no socalco da eira que se agita na chegada. Uma roseira brava cresceu até ao beiral do telhado humedecido pela chuva e aquecido pelo Sol brilhante da vida. No alpendre, um livro de folhas soltas ao vento, desfolha-se como trigais de searas ceifadas pelas tempestades. Na janela da vida, remanesce a tua imagem que vejo ao longe num desaparecer que arrepia a minha alma. No baú do teu quarto encontro a nossa primeira fotografia, que deixaste enegrecida pela revolta da minha demora. Ao olhar-me ao espelho deparo com a imagem áspera do meu ser, esquecido no tempo. Lá fora é noite…

Fernando Silva





2 comentários:

  1. Lindo! Afinal também escreve prosa com um cheirinho a poesia!!! Maravilhoso! Adorei!

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  2. A noite e a desilusão.
    A roseira brava (sem limites) e a ceara ceifada pelas tempestades, tal como o amor (?), a paixão (?) pela distância (?).
    Estes excertos de ... (nós) são uma tempestade (des)necessária.
    E os espelhos? Sempre a mostrar-nos a realidade que muitas vezes não queremos ver.
    Gostei.
    Um abraço.
    José Carlos

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