domingo, 31 de outubro de 2010

Raíz da Minha Essência

A revolta

Ao outro dia, após ter tomado o pequeno-almoço fui a casa de meus pais, ao chegar apercebo-me que meu pai se preparava para ir para o campo -  a carroça preparada o macho na rua - dava todos os indícios de mais um dia de trabalho duro, quando o vi perguntei-lhe:
- Então para onde é a ida?
- Hoje vou só ao armado tenho uns feijões para regar e umas batatas, não vou para muito longe, fico por perto, passa lá por baixo pereceu-me ter visto um ou outro "botelhoco" e levas para fazer um guisado.
 Ele sabe que eu gosto do "botelhoco", não preciso de carne ou peixe para acompanhar. Então respondi-lhe:
- Olhe meu pai, agora vou à senhora da Assunção, quero dar uma volta, quero recordar as coisas bonitas desta terra, quero levar comigo essas  imagens para mais tarde poder recordar.
Então ele disse-me assim:
- Vê se arranjas uma tarde para me levares ao Seixo de Manhosos, quero ir pagar uma promessa à Santa Cecília.
- Fique descansado que eu logo combino as coisas consigo e com a mãe.
 O meu pai lá foi. Ao vê-lo sair senti uma enorme revolta, por ver que toda a vida trabalhou como um “negro”, com todo o respeito e consideração, foi escravo do trabalho e quando devia poder gozar da reforma, estar em casa, ou ir para os locais de lazer, ia trabalhar, dar no duro. Este país é mesmo assim, quem trabalhou uma vida tem uma reforma de miséria, quantos há que ao fim de poucos anos ficam com uma reforma choruda, bem mais remunerada do que aquela que meu pai aufere. Mas quem fala do meu pai fala de todos aqueles que se encontram na situação dele. Mereceu a pena tanto trabalho, tanta dedicação ao trabalho dos outros, encheu os bolsos ao patrão e ele vive na miséria. Será que as pessoas não enxergam! Onde está o País da igualdade tantas vezes proclamado pelos nossos governantes, que país é este que retira a uns para dar a outros, que nada fazem, que vivem do desemprego  de ordenados mínimos sem nada fazerem, afinal este país não evolui, não segue na carruagem da frente, porque ganha-lo sem trabalhar acontece em Portugal.      

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