domingo, 31 de outubro de 2010

Raíz da Minha Essência


O recordar da Senhora da Assunção

Subi as escadas da casa de meus pais e fui ver a minha mãe. Falamos um pouco, convidei-a para vir à Senhora da Assunção, disse que naquele momento não porque não estava muito bem de saúde. Perguntei se queria que a levasse ao médico e disse-me:
- Sabes meu filho a doença dos ossos não me larga, vivo todos os dias da minha vida com este mal, já não sei a onde ir.
- Mãe quer ir connosco para Lisboa? Marco uma consulta particular e vai quando tudo estiver marcado.
Respondeu-me que sim.
                Depois fui ao santuário da Senhora da Assunção, magnífico, uma imagem linda, uma maravilha para a vista, confesso que quantas pessoas adorariam conhecer pessoalmente tal santuário, quantas perguntas me fazem sobre tudo que envolve a minha terra. Quando me dirigia para o cabeço recordei o trabalho exercido naquela estrada, tanto suor ali ficou, as férias escolares eram mesmo assim, trabalho, trabalho e trabalho. Ainda no santuário recordei o tempo em que vinha à festa do cabeço,  Senhora da Assunção ), que decorre no dia 15 de Agosto, acompanhando os meus pais, enquanto criança e adolescente, depois sozinho já quando adulto.
Em criança   apanhávamos o autocarro em Vila Flor e lá íamos até à festa. Nesse dia a vila ficava deserta, toda a gente queria ir, novos e velhos homens e mulheres e ainda hoje se diz ser a melhor romaria transmontana. Há gente por tudo quanto é lado, filas de carros vindos de várias direcções, que enchem por completo toda a zona envolvente. A procissão sai de Vilas Boas em direcção ao Santuário, milhares de pessoas assistem ao cortejo, que só pára na capela da Nossa Senhora da Assunção, depois já noite fazem aquilo que se diz muito na terra que é a descarga da meia-noite, que consiste em mais de trinta minutos a rebentar fogo.
   Também ali recordei o tempo de namoro com aquela que é hoje a minha mulher. Tão importante que foi falar disso, de recordar o passado, o tempo de namoro embora continuando a ser namorados mas desta vez sem barreiras. Depois fomos visitar a barragem do peneireiro, apesar do Verão tórrido havia alguma água, não tanta como aquelas povoações precisassem mas era assim, embora com pouca água é sempre um momento de acalmia ver a barragem e deliciar-me com a paisagem. Seguimos em direcção ao parque de campismo, com muita gente por sinal. Julguei que por ser verão é que trazia tantas pessoas à minha terra, mas alguém referiu que há muita gente durante todo o ano. Olhe a piscina, linda como sempre, cheia a abarrotar, não havia espaço livre para mais uma toalha. Fiquei-me pelo parque de merendas a ver os animais e depois de umas fotos voltamos para a vila. Aproximava-se a hora do almoço, liguei para casa da minha sogra e disse que não contasse connosco para almoçar que íamos almoçar à Sandra, mais propriamente ao “Restaurante o Zéquinha” . 
 Quando liguei para marcar o almoço a minha sobrinha disse:
- Para vós já não há nada, tivésseis avisado mais cedo.
- Mas não vamos já, ainda vamos passar pela loja da Helena – disse-lhe.
- Tudo bem - respondeu ela - fazei a vossa vida que eu espero por vocês.
Sobrinha bonita, assim é que é -retorqui.  
Depois de visitarmos a minha cunhada Helena fomos para o restaurante, onde nos foi servido leitão, simplesmente maravilhoso, adorei,  estava tudo divinal. 
Após o almoço voltei a casa de meus pais como havíamos combinado, e, daí fomos ao Seixo e à Santa Cecília, onde meu pai acabaria por pagar a promessa anual. Engraçado já ali não ia há uns anos. Fiquei contente pelas condições criadas, pois o santuário, está muito arranjadinho. Na volta passei por casa dos meus pais e levei um "botelhoco" para a minha sogra confeccionar.
 Nessa noite fui jantar a casa da São, pois tinha ficado combinado do dia anterior. Quando cheguei verifiquei que o Zé não se encontrava e perguntei por ele.
- Não deve demorar – disse ela -  foi a casa dos  pais.
Enquanto esperava, ofereceu o aperitivo e minutos depois chegava o Zé e para meu regalo trazia os meus pais, vinham jantar connosco e a São fez-me uma meia surpresa, pois eu sei o quanto ela gosta de os ter junto dela, quem diz a são diz as outras minhas irmãs.
Passados poucos minutos o jantar foi servido.
- Meu Deus - disse eu - como posso esquecer esta terra, não posso querer mais!
E ainda faltava o requeijão com doce de abóbora. Eu lá não  tenho nada disto. Não há nada como as coisas da nossa terra.
Enquanto comíamos e conversávamos meu pai começou a contar mais uma das suas belas histórias, recordamos tanta coisa, falamos de tudo um pouco.
 Tomamos café ali em casa, era mais acolhedor, queríamos estar em família, pretendíamos conversar, e foi o que fizemos durante várias horas. Era mais uma noite de deitar às tantas, o que vale é que a casa dos meus sogros é ali ao pé. A conversa estava interessante mas não podia ficar mais tempo, no dia seguinte voltava a vê-los.

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