domingo, 31 de outubro de 2010

Meu...Tua


Soneto ao Rio Tua


Pressinto a grinalda do teu ser
Ao desabrigado da opulência
O que mais te irá acontecer?
A favor desta …exigência!

Meu rio, minha saudade,
Aniquilam a paisagem
Deste rio…liberdade,
Tapam a tua passagem

Dizem ser o progresso
A quem interessa a medida?
Vai haver… retrocesso

Vai ficar escondida
Na paisagem singular
Desta zona desprotegida


                                                                                                          Fernando Silva 

Ser Poeta!


Gostava de ser Poeta


Para amar …como os poetas,
Gostar como os poetas,
Fazer da vida o mais belo poema de amor,
Amar, amar tudo ao meu… redor.
Para sentir… esse terno calor,
Rabiscar para ti a mais melosa canção,
Ser amigo… ser irmão,
Gostar de tudo, de toda a gente.
Ser poeta…sem nunca ser diferente,
Passar pela vida, na plenitude abrangente,
Sem nunca deixar de… amar,
As crianças, os velhinhos, os indefesos.
Amar a natureza,
Gostava de ser poeta.
Para amar a imensidão do mar,
A ternura de uma criança,
A leveza de uma gaivota,
E enquanto vivesse neste mundo,
Poder ser eu e ser tudo
Sem nunca deixar de amar.
Gostava de ser… poeta.

                                                                                                                     Fernando Silva

Sinto a tua Falta .


Tio

O teu desaparecimento
Marcou o meu sentimento.
Deus… chamou-te eu não estava,
Eu… que tanto gostava
Da tua companhia,
Mas… partiste nesse dia,
Foi prematuro o teu acabar,
Estavas… para dar e durar.
Perduro… amargurado,
Desde que fui informado
Da notícia que não queria.
Mas a tua forma de ser
Quero todos os dias enaltecer.
A tua falta… deixou um vazio,
Porque tu, não foste só… meu tio,
Foste o meu… irmão.
Que guardo no coração
Por tudo o que me deste,
Aquilo que fizeste
Em prol desta família,
Que não passa um só dia
Que não sinta a tua …ausência,
Agradeço a Sua Alteza
A tua grandeza
Obrigado pela tua existência

Um abraço Tio.
                                                                                                                           Fernando Silva

Raíz da Minha Essência


O recordar da Senhora da Assunção

Subi as escadas da casa de meus pais e fui ver a minha mãe. Falamos um pouco, convidei-a para vir à Senhora da Assunção, disse que naquele momento não porque não estava muito bem de saúde. Perguntei se queria que a levasse ao médico e disse-me:
- Sabes meu filho a doença dos ossos não me larga, vivo todos os dias da minha vida com este mal, já não sei a onde ir.
- Mãe quer ir connosco para Lisboa? Marco uma consulta particular e vai quando tudo estiver marcado.
Respondeu-me que sim.
                Depois fui ao santuário da Senhora da Assunção, magnífico, uma imagem linda, uma maravilha para a vista, confesso que quantas pessoas adorariam conhecer pessoalmente tal santuário, quantas perguntas me fazem sobre tudo que envolve a minha terra. Quando me dirigia para o cabeço recordei o trabalho exercido naquela estrada, tanto suor ali ficou, as férias escolares eram mesmo assim, trabalho, trabalho e trabalho. Ainda no santuário recordei o tempo em que vinha à festa do cabeço,  Senhora da Assunção ), que decorre no dia 15 de Agosto, acompanhando os meus pais, enquanto criança e adolescente, depois sozinho já quando adulto.
Em criança   apanhávamos o autocarro em Vila Flor e lá íamos até à festa. Nesse dia a vila ficava deserta, toda a gente queria ir, novos e velhos homens e mulheres e ainda hoje se diz ser a melhor romaria transmontana. Há gente por tudo quanto é lado, filas de carros vindos de várias direcções, que enchem por completo toda a zona envolvente. A procissão sai de Vilas Boas em direcção ao Santuário, milhares de pessoas assistem ao cortejo, que só pára na capela da Nossa Senhora da Assunção, depois já noite fazem aquilo que se diz muito na terra que é a descarga da meia-noite, que consiste em mais de trinta minutos a rebentar fogo.
   Também ali recordei o tempo de namoro com aquela que é hoje a minha mulher. Tão importante que foi falar disso, de recordar o passado, o tempo de namoro embora continuando a ser namorados mas desta vez sem barreiras. Depois fomos visitar a barragem do peneireiro, apesar do Verão tórrido havia alguma água, não tanta como aquelas povoações precisassem mas era assim, embora com pouca água é sempre um momento de acalmia ver a barragem e deliciar-me com a paisagem. Seguimos em direcção ao parque de campismo, com muita gente por sinal. Julguei que por ser verão é que trazia tantas pessoas à minha terra, mas alguém referiu que há muita gente durante todo o ano. Olhe a piscina, linda como sempre, cheia a abarrotar, não havia espaço livre para mais uma toalha. Fiquei-me pelo parque de merendas a ver os animais e depois de umas fotos voltamos para a vila. Aproximava-se a hora do almoço, liguei para casa da minha sogra e disse que não contasse connosco para almoçar que íamos almoçar à Sandra, mais propriamente ao “Restaurante o Zéquinha” . 
 Quando liguei para marcar o almoço a minha sobrinha disse:
- Para vós já não há nada, tivésseis avisado mais cedo.
- Mas não vamos já, ainda vamos passar pela loja da Helena – disse-lhe.
- Tudo bem - respondeu ela - fazei a vossa vida que eu espero por vocês.
Sobrinha bonita, assim é que é -retorqui.  
Depois de visitarmos a minha cunhada Helena fomos para o restaurante, onde nos foi servido leitão, simplesmente maravilhoso, adorei,  estava tudo divinal. 
Após o almoço voltei a casa de meus pais como havíamos combinado, e, daí fomos ao Seixo e à Santa Cecília, onde meu pai acabaria por pagar a promessa anual. Engraçado já ali não ia há uns anos. Fiquei contente pelas condições criadas, pois o santuário, está muito arranjadinho. Na volta passei por casa dos meus pais e levei um "botelhoco" para a minha sogra confeccionar.
 Nessa noite fui jantar a casa da São, pois tinha ficado combinado do dia anterior. Quando cheguei verifiquei que o Zé não se encontrava e perguntei por ele.
- Não deve demorar – disse ela -  foi a casa dos  pais.
Enquanto esperava, ofereceu o aperitivo e minutos depois chegava o Zé e para meu regalo trazia os meus pais, vinham jantar connosco e a São fez-me uma meia surpresa, pois eu sei o quanto ela gosta de os ter junto dela, quem diz a são diz as outras minhas irmãs.
Passados poucos minutos o jantar foi servido.
- Meu Deus - disse eu - como posso esquecer esta terra, não posso querer mais!
E ainda faltava o requeijão com doce de abóbora. Eu lá não  tenho nada disto. Não há nada como as coisas da nossa terra.
Enquanto comíamos e conversávamos meu pai começou a contar mais uma das suas belas histórias, recordamos tanta coisa, falamos de tudo um pouco.
 Tomamos café ali em casa, era mais acolhedor, queríamos estar em família, pretendíamos conversar, e foi o que fizemos durante várias horas. Era mais uma noite de deitar às tantas, o que vale é que a casa dos meus sogros é ali ao pé. A conversa estava interessante mas não podia ficar mais tempo, no dia seguinte voltava a vê-los.

Raíz da Minha Essência

A revolta

Ao outro dia, após ter tomado o pequeno-almoço fui a casa de meus pais, ao chegar apercebo-me que meu pai se preparava para ir para o campo -  a carroça preparada o macho na rua - dava todos os indícios de mais um dia de trabalho duro, quando o vi perguntei-lhe:
- Então para onde é a ida?
- Hoje vou só ao armado tenho uns feijões para regar e umas batatas, não vou para muito longe, fico por perto, passa lá por baixo pereceu-me ter visto um ou outro "botelhoco" e levas para fazer um guisado.
 Ele sabe que eu gosto do "botelhoco", não preciso de carne ou peixe para acompanhar. Então respondi-lhe:
- Olhe meu pai, agora vou à senhora da Assunção, quero dar uma volta, quero recordar as coisas bonitas desta terra, quero levar comigo essas  imagens para mais tarde poder recordar.
Então ele disse-me assim:
- Vê se arranjas uma tarde para me levares ao Seixo de Manhosos, quero ir pagar uma promessa à Santa Cecília.
- Fique descansado que eu logo combino as coisas consigo e com a mãe.
 O meu pai lá foi. Ao vê-lo sair senti uma enorme revolta, por ver que toda a vida trabalhou como um “negro”, com todo o respeito e consideração, foi escravo do trabalho e quando devia poder gozar da reforma, estar em casa, ou ir para os locais de lazer, ia trabalhar, dar no duro. Este país é mesmo assim, quem trabalhou uma vida tem uma reforma de miséria, quantos há que ao fim de poucos anos ficam com uma reforma choruda, bem mais remunerada do que aquela que meu pai aufere. Mas quem fala do meu pai fala de todos aqueles que se encontram na situação dele. Mereceu a pena tanto trabalho, tanta dedicação ao trabalho dos outros, encheu os bolsos ao patrão e ele vive na miséria. Será que as pessoas não enxergam! Onde está o País da igualdade tantas vezes proclamado pelos nossos governantes, que país é este que retira a uns para dar a outros, que nada fazem, que vivem do desemprego  de ordenados mínimos sem nada fazerem, afinal este país não evolui, não segue na carruagem da frente, porque ganha-lo sem trabalhar acontece em Portugal.      

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Fonte Romana

A minha fonte velhinha       

Aquela fonte… velhinha
Tinha água a correr
Ficava para quem caminha
A vontade… de beber

A minha sede… "matava",
O consolo de ali chegar,
Bebia a que precisava,
Bebia… até me saciar

Levava água na boca
Dava-te dela a sorver
Dizias-me que era pouca
E eu voltava a beber

Vezes sem fio traguei 
Os teus lábios humedeci
A tua boca aniquilei
Das vezes que ali ingeri

Sempre que ali voltava
A fonte  parecia prenunciar
Que da água que tomava
O amor ia triunfar

         Autor:     Fernando Silva

 

Saudades de ti.

Fonte do Olmo


Minha fonte,
Velhinha tão saudada
De alma lavada,
Quantas mulheres... para ti ...caminhavam.
Fonte de pranto, de trabalho tanto,
Quanta roupa em ti lavavam,
Lugar de história, da minha memória.
Minha fonte do olmo…molhada,
Estendida no nada,
Este pedaço de trato árduo
Fonte de suor, de muito amor,
Lugar de beleza, de acesso escarpado,
Em ti,  muito suor ficou …prostrado,
Sítio de beleza, de riqueza e lisura,
 Nas mulheres a tua …ternura ,
De água fresca e cristalina
Em ti quanta menina
Na mais cândida beleza
Lavou a sua …pureza.

                                                                                                                                   Fernando Silva 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Poemas


Volta



Caiem copiosamente dos meus olhos
Lágrimas amargas …de uma paixão,
São saudades…sentidas aos molhos,
De um sofrido, mas carinhoso coração.

Que gostavas de ter… partilhado
Sentimentos lindos de uma …feição,
Mas o momento tão… aguardado,
Nunca teve…essa aproximação.

Hoje, vivo triste… amargurado,
Com amargura… no meu peito
Meu coração para ti…guardado
Bate triste…por esse defeito

Quero acabar… esta atormenta 
Meu coração, assim vai… parar
Porque só teu amor o sustenta
Aparece… faz-me falta…amar

Poemas


Prece sentida



Ai se eu pudesse… sentir
Sentindo a dor…
Que te atormenta,
Acreditar… no existir,
De alguém com amor
Que me alimenta,
Gostava… de um dia…partir,
Agarrado na tua vida,
Para poder dividir…
A tua dor… tão sentida.
Esse sentimento dividir
Pegando a vida …em vidas,
Porque no dia que partir
Levo a minha e tua dor…tão sentidas.


Poemas


Nascer

É dia... e a madrugada
Traz-me a criança desejada,
Filha da flor... por mim tratada
De uma paixão apaixonadamente adorada

Seu nascimento é o enorme... apogeu
Dum jardim que tanto me...enaltece
O melhor que um dia  me aconteceu
E essa desejada criança... aparece

Envolta de amor, de tanta... ternura,
Este ser tão imensamente...desejado.
Que leva um ser lindo à loucura,
 Entra num coração eternamente... apaixonado.

Este ser, planeado há  tanto ansiado
Nasce do amor, da dor...maternal
Já há tanto por nós almejado
Dádiva de Deus, é celestial.






Fernando Silva